Frans Krajcberg Manifesto

O documentário de Regina Jehá, após passar por vários festivais de cinema e ser exibido no Palacetes das Artes, na semana do Clima em Salvador (evento internacional promovido pela ONU em preparatória para o COP25), tem sua estreia nacional no próximo dia 10 de outubro, na rede do Espaço Itaú de Cinemas, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Belém, Vitória e Curitiba.

Frans Krajcberg, artista plástico, escultor, gravurista e fotógrafo, nasceu no ano de 1921, em Kozienice, Polônia, e naturalizou-se brasileiro em 1954.

Sua mãe foi simpatizante ativa dos comunistas e Frans viu toda sua família ser dizimada pelos nazistas nos campos de concentração na época da 2ª Guerra Mundial. Em resposta, alistou-se ao Exército Soviético como engenheiro construtor de pontes. Depois do conflito, viveu na Alemanha, onde estudou, entre 1945 e 1947, na Academia de Belas Artes de Stuttgart e foi aluno do célebre Willy Baumeister.

Emigrou em 1948 para o Brasil, após uma temporada em Paris, onde conviveu com Léger, Mondrian, Chagall e outros artistas da École de Paris. No Brasil, fixou-se inicialmente em São Paulo, onde participou da montagem da 1ª Bienal, em 1951. Nos primeiros anos da sua permanência no Brasil, praticou uma pintura influenciada pelo Cubismo e pelo Expressionismo em um desenho sintético de paleta baixa, na qual predominavam tons de cinza e terra. Permaneceu em São Paulo até 1952, ano em que faria sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna. No interior do Paraná, onde viveu até 1956, Krajcberg afastou-se do circuito das artes. Neste mergulho no hinterland paranaense, o contato com a natureza amadureceu seu olhar e lhe ofereceu novos instrumentos de trabalho.

Em 1957, conquistou o prêmio de Melhor Pintor Nacional na 4ª Bienal de São Paulo e transferiu-se para o Rio de Janeiro. Nesse momento, alternou sua vida entre Paris e Ibiza, com constantes retornos para reciclagem ao Brasil.

A estrutura bidimensional da pintura, entretanto, limitava seus horizontes e, a partir de uma primeira experiência em 1962, com as terras naturais de Ibiza, o artista sentiu uma necessidade crescente de mudança. Abandonou então a dimensão do plano pictórico, substituindo-o pelo tridimensionalismo do relevo e da escultura. Aos poucos, Krajcberg foi reformulando a própria ideia de representação ou interpretação da Natureza por meio da sua apropriação. Em um trabalho incessante de pesquisa sobre forma e matéria, utiliza elementos da natureza e os mais diferentes materiais de origem mineral, para criar relevos, esculturas e instalações com troncos de árvores, raízes aéreas do mangue e reproduzindo em papel japonês as marcas deixadas pelo mar nas areias de Nova Viçosa. Em 1964, após ter conquistado o prêmio Cidade de Veneza na 32ª Bienal de Veneza, Krajcberg visitou Itabirito, e este encontro marcou sua maturidade enquanto artista.

Entretanto, foi a viagem que realizou na Amazônia, Alto Rio Negro, em companhia de Sepp Baendereck e Pierre Restany, que marca profundamente o artista. O encontro com a beleza e a exuberância da natureza amazônica provoca um choque no artista que o marcará para sempre.

Em “Frans Krajcberg Manifesto”, o artista se prepara para expor suas obras no Salão principal e receber a grande homenagem da 32ª Bienal de Arte de São Paulo, enquanto desvela suas memórias e reflexões. Recentemente falecido, a vida do artista foi uma luta implacável contra a loucura destrutiva do Homem, do fogo da 2ª Guerra Mundial às queimadas na Região Amazônica. O filme percorre quatro décadas da sua vida, enquanto confronta uma das mais urgentes questões do mundo contemporâneo: a luta contra a destruição da natureza para a preservação do próprio Planeta e da humanidade.

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