Produtores e sindicatos debatem futuro das relações de trabalho e dos meios de difusão audiovisual no Brasil
A partir da próxima segunda-feira (31/07), a Academia Internacional de Cinema (AIC) recebe grandes produtores, representantes dos Sindicato dos Técnicos do Cinema e Audiovisual (Sindcine) e do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo (Sated), representantes de coletivos atuantes, entre outros convidados que discutem as transformações no mercado e os caminhos para o futuro. Remuneração sobre direitos autorais, efeitos do streaming, conjuntura pós-covid, inteligência artificial, panorama dos festivais, inclusão social nos sets e além, são alguns dos assuntos que serão abordados nas mesas e palestras.
Os encontros serão abertos ao público, das 19h às 21h, e ocorrerão na sede da Academia Internacional de Cinema (AIC), em Higienópolis, em São Paulo. As inscrições podem ser feitas gratuitamente no site da AIC. Dentre os presentes estarão o ex-diretor da Ancine, Eduardo Valente, o sócio da Gullane Filmes, Fabiano Gullane, a presidente do Sindcine, Sônia Santana, e Fábio Cesnik, principal referência na área de mídia e entretenimento no Brasil.
Sônia Santana é uma das defensoras de que a greve dos roteiristas e atores de Hollywood, iniciada em maio deste ano, tenha adesão mundial. A paralisação começou nos Estados Unidos após o sindicato de roteiristas do país exigir melhores remunerações e proteção jurídica aos profissionais que trabalham junto aos streamings.
O Brasil, por sua vez, é a segunda nação que mais consome serviços destas plataformas, de acordo com o relatório Streaming Global do Finder de 2021. O país deve amargar prejuízos financeiros com o cancelamento de filmes e séries hollywoodianos.
No encontro com outros representantes do audiovisual, a presidente do Sindcine deve tratar sobre os direitos atuais que protegem os artistas brasileiros neste cenário. Ela acompanha diariamente questões trabalhistas dos profissionais que atuam na produção de séries, filmes e documentários e é consultada em questões políticas e econômicas relativas ao setor.
Integrante da mesa sobre Produções Brasileiras nas Plataformas de Streaming, que ocorrerá no dia 2 de agosto, o produtor Fabiano Gullane defende a participação do setor público na mediação entre empresas e artistas.
“Pelo menos 85% de todo dinheiro que circula no mercado audiovisual no mundo é destinado a produções de língua inglesa e somente 15% para os outros países da América Latina, Europa, Ásia e África. Sem uma política pública clara e forte que defenda o interesse e o produto nacional, é muito difícil a gente vencer e conquistar um espaço neste mercado tão disputado e marcado pela conquista que os americanos tiveram na área”, argumenta Gullane.
Para Flávia Rocha, diretora de comunicação da AIC, os governos têm o desafio de movimentar-se com rapidez para implementar regulamentações que respondam ao momento atual, pois as legislações de até mesmo dez anos atrás já não se aplicam à realidade de hoje. “A greve em Hollywood chamou a atenção para a urgência de se definir novas diretrizes para o mercado nacional. Tem um efeito de conscientização, colocando pressão para que o assunto entre com força na pauta do governo americano, com efeito também em outros mercados globais”, diz ela.“Temos muito a discutir no Brasil”.