Ingrid Guimarães recebe homenagem de Gramado e defende a “cota de tela”
Foto: A atriz Ingrid Guimarães recebe o troféu Cidade de Gramado © Edison Vara/Agência Pressphoto
Por Maria do Rosário Caetano, de Gramado-RS
A atriz Ingrid Guimarães, que repetiu com suas comédias contemporâneas – em especial a franquia “De Pernas pro Ar” – o êxito de bilheteria conquistado nas décadas de 70 e 80 pela diva Sônia Braga (“Dona Flor”, “Dama do Lotação” e “Eu te Amo”), subiu esfuziante ao palco do Palácio dos Festivais para receber o Troféu Cidade de Gramado.
Com vestido longo em camadas, com muitas cores, estava bem-humorada e feliz. Dedicou o prêmio aos comediantes, “sempre preteridos, quando não esquecidos”, ao amigo, o saudoso Paulo Gustavo, e à produtora e amiga Mariza Leão (“tudo que sei de cinema aprendi com ela”). Por fim, agradeceu a presença de Laura Cardoso, que receberá, do Festival de Gramado, o Troféu Oscarito e estava, de seu lugar, aplaudindo a goiana Ingrid.
A atriz, que deixou sua Goiânia natal para viver no Rio de Janeiro, fez questão de registrar a presença da mãe no Palácio dos Festivais. Para brincar: “finalmente ela verá a filha empalmar um troféu de verdade. E sabem por que? Ela se cansou de ir a cerimônias de prêmios aos quais fui indicada, mas que eu sempre perdia para a atriz dramática”.
Ingrid Guimarães, de 51 anos, definiu-se como uma intérprete que encontrou no cinema a sua principal área de ação. E, por isso, usou a tribuna para verbalizar convicta defesa do mecanismo da Cota de Tela (reserva de determinado número de dias para exibição de filmes brasileiros em todos os horários, e “não só às duas da tarde!”).
“Vocês sabem” – provocou – “que ‘De Pernas pro Ar 3’ foi retirado de salas com boa média de espectadores para dar lugar a ‘Os Vingadores’?”. E aproveitou para mandar recado direto ao presidente da República: “Ô Lula, nós votamos em você. Cuide aí da volta da Cota de Tela”.
Quem, em nome de colegas de ofício, leu a Carta de Gramado, que defende a Cota de Tela, foi a diretora Marise Farias, do longa documental “Roberto Farias – Memórias de um Cineasta”. E ela o fez, sob aplausos, no palco do Palácio dos Festivais.
Abaixo, o documento, na íntegra:
Diante dos projetos em tramitação e votação no País, as entidades do setor e os profissionais do Audiovisual presentes no Festival de Cinema de Gramado em sua 51ª edição, destacam e defendem três marcos legais fundamentais para o desenvolvimento da indústria audiovisual brasileira e a valorização da cultura nacional e que neste momento encontram-se em risco.
1. Cotas de Conteúdo Brasileiro
A Cota de Tela é essencial para garantir a presença mínima da produção nacional nos mercados de salas de cinema e na TV por Assinatura.
2. Direitos Autorais
É fundamental assegurar a justa remuneração do direito autoral para os autores, diretores e produtores de obras audiovisuais, quando suas obras são exibidas no ambiente digital, a exemplo de práticas já estabelecidas em inúmeros países.
3. Regulação do VOD
O consumo de VOD – Vídeo on Demand cresce vertiginosamente em todo o mundo, num mercado que movimenta bilhões de dólares. As plataformas de VOD chegaram ao Brasil em 2011 e, hoje, o País já figura entre os cinco maiores mercados de consumo no ambiente digital, sem contar com qualquer regulação, enquanto inúmeros países já regularam esse mercado em seus territórios. Contamos com nossos parlamentares no Congresso Nacional para a defesa dos talentos e das empresas brasileiras nesse mercado tão promissor para a economia do nosso País”.